Agronegócio e extrema direita impulsionam máquina de fake news sobre aquecimento global

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Agronegócio e extrema direita impulsionam máquina de fake news sobre aquecimento global (via agenciapublica)

O ano era 2016. O mais quente do registro histórico. Preocupado com os impactos do aquecimento global sobre o cultivo de soja, o então ministro da Agricultura Blairo Maggi, um dos maiores exportadores do grão, convidou o cientista Carlos Nobre para conversar com o conselho do grupo Amaggi.

Quando ele encerrou a apresentação e abriu para as perguntas, veio a surpresa. “Porque várias pessoas levantaram as mãos e todas falaram que não havia problema nenhum, que a soja aumenta a sua produção com o calor – o que é completamente falso – e que as mudanças climáticas não estão ocorrendo”, relata.

O negacionismo climático foi incorporado na máquina de desinformação da extrema direita e se expandiu no meio rural. A percepção de cientistas e pesquisadores ouvidos pela reportagem é que uma parte do agronegócio – notadamente quem está na ponta: os produtores e suas associações – se tornou refratária à discussão séria sobre o clima. Virou terreno fértil para o negacionismo e a desinformação ambiental.

O palco deles, além das associações do agronegócio que os convidam para palestras, são os canais digitais ligados ao setor e à extrema direita. Miranda e Felício, por exemplo, são colunistas fixos e fontes frequentes de reportagens da Revista Oeste, publicação lançada em março de 2020 que se define como “a primeira plataforma de conteúdo cem por cento comprometida com a defesa do capitalismo e do livre mercado”.

Produtora de documentários e programas conservadores, a Brasil Paralelo se tornou um dos principais veículos de desinformação do país, na opinião de especialistas que investigam o assunto. No campo socioambiental, um dos vídeos considerados mais danosos é o “Cortina de Fumaça”, de 2021, A pedido da Pública, o NetLab complementou o levantamento, incluindo postagens dos primeiros meses deste ano. Sob o governo Lula, o conteúdo dos anúncios na Meta mudou um pouco. Passaram a focar, por exemplo, em fatos políticos em debate, como a CPI do MST, ou a discussão sobre o marco temporal para terras indígenas.

No primeiro caso, eles destacam como exemplo anúncios da produtora Brasil Paralelo promovendo o “Cortina de Fumaça” e da Revista Oeste sobre reportagem das “ameaças da governança global”.

É um dado que deriva de um estudo de Evaristo de Miranda, de quando ele ainda estava na Embrapa. A pesquisa virou uma espécie de “bíblia” do agro, mas é bastante criticada por outros cientistas da área, que o acusam de. Em meados deste mês, o próprio Miranda afirmou que “o agronegócio não desmata”, em um anúncio pago do Canal Rural e veiculado no Google para promover a entrevista concedida ao PodPlantar, da Jotabasso.

Nesse caso, trata-se de promover uma interpretação distorcida a partir de um dado real. De fato, o país tem cerca de 66% do território com vegetação remanescente, mas ela está bem longe de estar intacta ou “tal qual Pedro Álvares Cabral encontrou quando chegou ao Brasil” ou como era “no tempo de Adão e Eva”, como dizem entrevistados do “Cortina de Fumaça”.

O pesquisador aponta, no entanto, que há um elemento muito pragmático na forma como uma parcela do agronegócio incorporou o negacionismo não só do aquecimento global como também da ciência que revela os impactos da devastação ambiental, em especial pelo desmatamento. Naquele ano, nos meses que antecederam a cúpula, diversos veículos de imprensa deram espaço para quem negava o aquecimento, em uma tentativa controversa de trazer “equilíbrio” para o debate, tratando os dois lados com pesos iguais, quando essa não é a realidade da ciência do clima. Há um consenso científico em torno do tema.

Nesse contexto, a disseminação desses discursos em canais do agro e da extrema direita serve para legitimá-los. “O negacionismo passa a ser legitimado como narrativa científica.

“Muitos agricultores que poderiam se adaptar acham que essas instabilidades que estamos assistindo nos últimos 20 anos vão passar”, conta Ludmila. “Se você não usa a palavra clima e pergunta ‘A temperatura está diferente? A chuva mudou um pouquinho?’, eles dizem que sim. Mas, na hora que usa a palavra clima, eles falam que não tem mudança. E aí atrapalha muito a adoção de práticas mais adaptadas à nova realidade climática.

Ou seja, para adaptar a agricultura brasileira às mudanças climáticas e evitar perdas graves para os produtores, parece que a chave é não falar sobre mudanças climáticas.

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